A insustentável leveza do ser

“A insustentável leveza do ser” de Milan Kundera foi para mim uma das leituras mais inquietantes, e por essa razão está na lista dos meus livros favoritos. Kundera utiliza-se de 4 personagens para dançar entre temas de cunho político, histórico e social: Tereza e Tomaz; Sabina e Franz.

Cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável da vida. Passam por situações que dão origens a discussões filosóficas sobre a honra, amor, monogamia, traições, vocação, trabalho, ética, beleza, sentido da vida, alma x corpo, etc.

Mas, para mim, a questão chave do livro é a discussão pesado/leve, pois seria para o autor “a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições”.

“… quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. (…) a ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve do que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semi-real, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes”

O autor questiona: “O que escolher, então? O peso ou a leveza?”

É fácil compreender que uma vida com ausência completa de problemas é desestimulante e frívolo, daí a razão da insustentabilidade do que é leve. Por outro lado, um fardo pesado demais não me parece estimulante. Não há proporcionalidade nessas grandezas, creio eu. 

A sustentabilidade do ser está no equilíbrio, é o que me parece óbvio. Mas Kundera traz essa indagação nos levando a pensar nos extremos e nos nossos valores. Viver com a insustentável leveza do ser ou com o fardo que nos aproxima da terra e de tudo o que é real?

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